Psiquiatras ensinam a lidar com medo, perdas e luto após tragédias
Do G1, em São Paulo
De que forma o massacre de 12 adolescentes entre 12 e 14 anos ocorrido na última quinta-feira (7) no Rio de Janeiro afeta o cérebro dos envolvidos e de todos os brasileiros foi o tema do Pitada de Sabor desta sexta–feira (8), que falou sobre medo, ansiedade, perdas e separações – e como superá-los.
O programa mostrou, ainda, que a dor e o sofrimento fazem parte da vida e que aprender a conviver com o luto é importante para seguir em frente. Para explicar como o corpo reage a situações de medo e estresse e quais comandos a mente dá para que as pessoas sobrevivam e suportem os momentos difíceis da vida, estiveram presentes no estúdio a psiquiatra forense Hilda Morana e o psiquiatra Marcelo Feijó.
Cerca de 5% da população brasileira tem algum transtorno de comportamento que inviabiliza a convivência social. Hilda explicou como identificar esses sinais e disse que crimes cometidos por doentes mentais são raros.
De acordo com a especialista, crianças muito inquietas, impulsivas e destemidas, que fazem intrigas e se tornam adolescentes isolados, alheios à realidade ou envolvidos com drogas, devem ser acompanhados de perto. Menores considerados estranhos precisam ser levados para uma avaliação psicológica.
Em todo o Brasil, a técnica da terapia comunitária, criada pelo psiquiatra Adalberto Barreto – que já participou do Bem Estar –, permite que os participantes exponham o que sentem e se recuperem mais rápido. O serviço é gratuito e pode ser encontrado no site da Associação Brasileira de Terapia Comunitária (Abratecom).
Segundo Barreto, sofrer sozinho é sofrer duas vezes. Quando o indivíduo se abre e fala sobre o que lhe aconteceu, sai da posição de vítima para uma posição de humanidade, de perceber que faz parte da existência perder, ganhar, se apegar e desapegar.
Em uma dessas rodas de conversa, em São Paulo, a repórter Marina Araújo viu que a cicatrização de uma ferida, a recuperação e a vida nova levam tempo. E que não há solução mágica ou imediata: é preciso esperar o tempo passar.
Ao vivo do Rio de Janeiro, Marina também entrevistou a presidente da Abratecom, Selma Hings, que ressaltou a importância dos encontros em grupos e da troca de experiências e afeto em períodos de dificuldade e sofrimento.
Em situações adversas, a região central do cérebro, que controla as emoções, fica em estado de alerta e dispara uma espécie de sinal para o restante do corpo. É liberada a adrenalina, uma substância que aumenta a frequência cardíaca e faz com que o sangue chegue mais rápido aos músculos.
A respiração se acelera e o corpo fica mais ágil e oxigenado. O cérebro libera, ainda, um hormônio chamado ACTH, que aciona a glândula suprarrenal (acima dos rins), que por sua vez ativa outro hormônio, o cortisol.
Ele faz com que o organismo tenha uma resposta mais prolongada, além de aumentar a produção de glóbulos brancos e anticorpos, reforçando o sistema de defesa. Com o metabolismo completamente modificado, a pessoa fica mais preparada para um momento de luta ou fuga.
Adalberto Barreto, criador da terapia comunitária, participou do Pitada de Sabor.
O programa mostrou, ainda, que a dor e o sofrimento fazem parte da vida e que aprender a conviver com o luto é importante para seguir em frente. Para explicar como o corpo reage a situações de medo e estresse e quais comandos a mente dá para que as pessoas sobrevivam e suportem os momentos difíceis da vida, estiveram presentes no estúdio a psiquiatra forense Hilda Morana e o psiquiatra Marcelo Feijó.
Cerca de 5% da população brasileira tem algum transtorno de comportamento que inviabiliza a convivência social. Hilda explicou como identificar esses sinais e disse que crimes cometidos por doentes mentais são raros.
De acordo com a especialista, crianças muito inquietas, impulsivas e destemidas, que fazem intrigas e se tornam adolescentes isolados, alheios à realidade ou envolvidos com drogas, devem ser acompanhados de perto. Menores considerados estranhos precisam ser levados para uma avaliação psicológica.
Em todo o Brasil, a técnica da terapia comunitária, criada pelo psiquiatra Adalberto Barreto – que já participou do Bem Estar –, permite que os participantes exponham o que sentem e se recuperem mais rápido. O serviço é gratuito e pode ser encontrado no site da Associação Brasileira de Terapia Comunitária (Abratecom).
Segundo Barreto, sofrer sozinho é sofrer duas vezes. Quando o indivíduo se abre e fala sobre o que lhe aconteceu, sai da posição de vítima para uma posição de humanidade, de perceber que faz parte da existência perder, ganhar, se apegar e desapegar.
Em uma dessas rodas de conversa, em São Paulo, a repórter Marina Araújo viu que a cicatrização de uma ferida, a recuperação e a vida nova levam tempo. E que não há solução mágica ou imediata: é preciso esperar o tempo passar.
Ao vivo do Rio de Janeiro, Marina também entrevistou a presidente da Abratecom, Selma Hings, que ressaltou a importância dos encontros em grupos e da troca de experiências e afeto em períodos de dificuldade e sofrimento.
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Como o cérebro reageEm situações adversas, a região central do cérebro, que controla as emoções, fica em estado de alerta e dispara uma espécie de sinal para o restante do corpo. É liberada a adrenalina, uma substância que aumenta a frequência cardíaca e faz com que o sangue chegue mais rápido aos músculos.
A respiração se acelera e o corpo fica mais ágil e oxigenado. O cérebro libera, ainda, um hormônio chamado ACTH, que aciona a glândula suprarrenal (acima dos rins), que por sua vez ativa outro hormônio, o cortisol.
Ele faz com que o organismo tenha uma resposta mais prolongada, além de aumentar a produção de glóbulos brancos e anticorpos, reforçando o sistema de defesa. Com o metabolismo completamente modificado, a pessoa fica mais preparada para um momento de luta ou fuga.
Dividir sentimentos com os outros ajuda a conter ansiedade, diz médico
Adalberto Barreto, criador da terapia comunitária, participou do Pitada de Sabor.
Psiquiatra explicou como reagimos quando vemos ou vivemos uma tragédia.
O medo que nos ameaça e se transforma em ansiedade, principalmente quando vemos ou vivemos uma catástrofe natural como a que atingiu o Japão nesta sexta-feira (11), com um terremoto de 8,9 graus na escala Richter e um tsunami com ondas de dez metros de altura, foi o tema do Pitada de Sabor.
O abalo deixou milhares de mortos e desaparecidos e já é considerado o maior do Japão e o sétimo maior da história, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
No estúdio, o psiquiatra Adalberto Barreto, criador da terapia comunitária no Brasil - que existe há 25 anos e é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2007 -, explicou o que acontece com a mente e o corpo humano quando vemos essas imagens de destruição. Ele também ensinou como aliviar as dores físicas e da alma e disse que situações como essas, que são uma resposta da natureza ao homem, nos ajudam a avaliar o tipo de vida que estamos levando e quem nós temos, não o que temos .
Ao lado do médico, esteve o preparador físico e consultor José Rubens D'Elia, que deu dicas práticas sobre como controlar a ansiedade, relaxar e aliviar as tensões do dia a dia e em casos de tragédias. No vídeo abaixo, você confere exercícios simples e eficazes.
No Brasil, nunca foram registrados tremores de terra de grandes proporções ou tsunamis, como os que devastaram o Japão, mas a população já enfrentou muitas enchentes e desmoronamentos, como os que ocorreram recentemente na Região Serrana do Rio de Janeiro.
Barreto falou, ainda, da importância de compartilhar os problemas com outras pessoas, seja um parente, um amigo ou até um desconhecido que está na mesma situação. De acordo com ele, quando a boca cala, os órgãos falam. E, quando a boca fala, os órgãos saram.
Os motivos de angústia, nervosismo e ansiedade na vida moderna são inúmeros. Podem decorrer da perda de um familiar, da saída de um filho de casa, de uma doença. E é pondo para fora todos esses episódios que se aprende a controlar os sentimentos, segundo o psiquiatra, que é professor da faculdade de medicina da Universidade Federal do Ceará. O médico costuma dizer outra máxima: “Aquilo que não exprimimos com a boca, imprimimos no corpo”.
Em uma dessas rodas de conversa, na zona sul de São Paulo, cada um dos 400 participantes por mês tem uma história para compartilhar com os demais. Na maioria das vezes, são depoimentos tristes, carregados de emoção e muito sofrimento. Mas o simples fato de contar e dividir com alguém o que se passou ou está se passando na vida dessas pessoas as ajuda a seguir em frente.
Nesses momentos, muitos veem que não são os únicos a enfrentar problemas, e que alguns passam por dificuldades ainda maiores. Em grupo, tudo se torna mais simples e fácil. “Adquiri força aqui desde o primeiro encontro, ouvindo as experiências do pessoal e entendendo que as coisas não se acabam em um dia só, nem se consegue algo em um dia só”, disse o aposentado Eunicio Ferreira.
Os participantes acreditam que a correria da vida moderna e a falta de abertura em casa acabam acumulando essa vontade de falar e de ser ouvido. O maior benefício, na opinião deles, é este: ninguém está lá para criticar ou aconselhar os colegas, apenas para ouvi-los, acolhê-los e abraçá-los.
O que é a terapia comunitária
A terapia comunitária é um instrumento reconhecido pelo Ministério da Saúde que permite construir redes sociais solidárias. Atualmente, o Brasil tem 11.500 profissionais atuando em todas as regiões.
A técnica busca estimular a cidadania e restaurar a autoestima das pessoas. Também favorece a prevenção da saúde e a reinserção social, ao possibilitar a expressão dos sofrimentos que atingem diretamente a saúde dos brasileiros.Em rodas, os participantes falam de seus problemas e ouvem uns aos outros, mas não podem dar conselhos. O ideal é que a experiência apresentada ajude os próprios indivíduos a achar caminhos alternativos ao sofrimento.
O método não é para doentes, mas para quem vive sob o risco de adoecer. Ele pode ser complementar a um tratamento tradicional, com psicólogo ou psiquiatra. A terapia usa um mediador treinado, que pode ser um profissional de saúde ou de outra área.
Um levantamento realizado sobre o impacto dessa técnica no país apontou que 89% dos participantes tiveram suas demandas atendidas, e não foi necessário encaminhá-los para um especialista.
Para saber onde está a rede mais próxima da sua casa, acesse o site da Associação Brasileira de Terapia Comunitária.
O abalo deixou milhares de mortos e desaparecidos e já é considerado o maior do Japão e o sétimo maior da história, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
No estúdio, o psiquiatra Adalberto Barreto, criador da terapia comunitária no Brasil - que existe há 25 anos e é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2007 -, explicou o que acontece com a mente e o corpo humano quando vemos essas imagens de destruição. Ele também ensinou como aliviar as dores físicas e da alma e disse que situações como essas, que são uma resposta da natureza ao homem, nos ajudam a avaliar o tipo de vida que estamos levando e quem nós temos, não o que temos .

No Brasil, nunca foram registrados tremores de terra de grandes proporções ou tsunamis, como os que devastaram o Japão, mas a população já enfrentou muitas enchentes e desmoronamentos, como os que ocorreram recentemente na Região Serrana do Rio de Janeiro.
Barreto falou, ainda, da importância de compartilhar os problemas com outras pessoas, seja um parente, um amigo ou até um desconhecido que está na mesma situação. De acordo com ele, quando a boca cala, os órgãos falam. E, quando a boca fala, os órgãos saram.
Os motivos de angústia, nervosismo e ansiedade na vida moderna são inúmeros. Podem decorrer da perda de um familiar, da saída de um filho de casa, de uma doença. E é pondo para fora todos esses episódios que se aprende a controlar os sentimentos, segundo o psiquiatra, que é professor da faculdade de medicina da Universidade Federal do Ceará. O médico costuma dizer outra máxima: “Aquilo que não exprimimos com a boca, imprimimos no corpo”.
Em uma dessas rodas de conversa, na zona sul de São Paulo, cada um dos 400 participantes por mês tem uma história para compartilhar com os demais. Na maioria das vezes, são depoimentos tristes, carregados de emoção e muito sofrimento. Mas o simples fato de contar e dividir com alguém o que se passou ou está se passando na vida dessas pessoas as ajuda a seguir em frente.
Nesses momentos, muitos veem que não são os únicos a enfrentar problemas, e que alguns passam por dificuldades ainda maiores. Em grupo, tudo se torna mais simples e fácil. “Adquiri força aqui desde o primeiro encontro, ouvindo as experiências do pessoal e entendendo que as coisas não se acabam em um dia só, nem se consegue algo em um dia só”, disse o aposentado Eunicio Ferreira.
Os participantes acreditam que a correria da vida moderna e a falta de abertura em casa acabam acumulando essa vontade de falar e de ser ouvido. O maior benefício, na opinião deles, é este: ninguém está lá para criticar ou aconselhar os colegas, apenas para ouvi-los, acolhê-los e abraçá-los.
O que é a terapia comunitária
A terapia comunitária é um instrumento reconhecido pelo Ministério da Saúde que permite construir redes sociais solidárias. Atualmente, o Brasil tem 11.500 profissionais atuando em todas as regiões.
A técnica busca estimular a cidadania e restaurar a autoestima das pessoas. Também favorece a prevenção da saúde e a reinserção social, ao possibilitar a expressão dos sofrimentos que atingem diretamente a saúde dos brasileiros.Em rodas, os participantes falam de seus problemas e ouvem uns aos outros, mas não podem dar conselhos. O ideal é que a experiência apresentada ajude os próprios indivíduos a achar caminhos alternativos ao sofrimento.
O método não é para doentes, mas para quem vive sob o risco de adoecer. Ele pode ser complementar a um tratamento tradicional, com psicólogo ou psiquiatra. A terapia usa um mediador treinado, que pode ser um profissional de saúde ou de outra área.
Um levantamento realizado sobre o impacto dessa técnica no país apontou que 89% dos participantes tiveram suas demandas atendidas, e não foi necessário encaminhá-los para um especialista.
Para saber onde está a rede mais próxima da sua casa, acesse o site da Associação Brasileira de Terapia Comunitária.
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